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Pegue a estrada velha e vá em frente toda a vida. Quando achar que chegou, não chegou. Insista. Macambira se esconde no fim de uma reta sem fim, no fim do mundo. Um vale de prédios descoloridos pelo sol, costurados pela serpente metálica da linha férrea, à sombra da Serra das Gêmeas. Diz o ditado: foi ter onde o rei se enterrou. Fama de cemitério. Lugar nenhum, último lugar. Macambira é isso, um ponto no meio do nada, última parada antes do inferno, cova para o coração do rei, descansando eterno na boca da fênix. O fígado, dizem que mandaram pro mar, repousando em picles no palácio da capital.

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(publicado originalmente em 2022 na segunda edição do laboratório de zines do faísca lab)
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